Divaldo Franco é um dos mais consagrados oradores e médiuns da atualidade, fiel mensageiro da palavra de Cristo pelas consoladoras e esperançosas lições da Doutrina Espírita.
Aos 96 anos de idade e 76 anos de oratória espírita, Divaldo atinge surpreendente e exemplar performance, com mais de 20 mil conferências e seminários em 71 países – em muitos deles, por várias vezes –, dos cinco continentes. Denominado Semeador de Estrelas e, segundo Chico Xavier, “tendo uma estrela na boca”, suas conferências têm atraído numeroso público, que se emociona com os comentários, narrativas e ensinamentos transmitidos, os quais promovem o autoconhecimento e anunciam o alvorecer de uma Nova Era. Divaldo Franco tem sido também o pregador da paz, em contato com o povo simples e humilde que vai ouvir a sua palavra nas praças públicas, conclamando todos ao combate à violência, a partir da autopacificação.
Há 71 anos, em parceria com seu fiel amigo Nilson de Souza Pereira (26/10/1924-21/11/2013), fundou a Mansão do Caminho, cujo trabalho de assistência social a milhares de pessoas carentes da Cidade do Salvador tem conquistado a admiração e o respeito da Bahia, do Brasil e do mundo.
Naqueles recuados dias do ano de 1926, um médico, em seu consultório na cidade de Feira de Santana, na Bahia, declarara a Dona Anna, na ocasião de sua última gravidez – cuja criança viria ser o médium Divaldo Franco –, a seguinte frase: “Dona Anna Franco, a senhora ficou grávida aos 44 anos. Não é ‘barriga d’água’, como está pensando. Se a senhora não fizer o aborto, seu filho vai nascer… anormal!”.
Dona Anna, contudo, não aceita o diagnóstico e prossegue com a gravidez daquela criança, que seria o “derradeiro” de 12 irmãos. Meses depois, ela constata que, diferentemente da determinação precipitada do médico, o menino era normal. E, mais tarde, surpreenderia a todos por ser… paranormal!
Divaldo Pereira Franco nasceu no dia 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, na Bahia. É o caçula do casal Francisco Pereira Franco e Anna Alves Franco, que gerou outros 12 filhos, dos quais cinco faleceram antes mesmo de Divaldo nascer. Aliás, a infância do maior divulgador da Doutrina Espírita na atualidade, considerado embaixador do Espiritismo no mundo todo, não foi das mais fáceis, mas era dentro de seu próprio lar que o pequeno Divaldo enfrentava as maiores dificuldades em razão de sua forte mediunidade. Tanto seus irmãos mais velhos, que o chamavam apenas “Di”, quanto seu pai o recriminavam pelas visões e até lhe aplicavam surras, considerando que se tratava de algo demoníaco.
Em 1931, aos 4 anos de idade, vê aproximar-se dele uma senhora que lhe pede para dar um recado, assim: “Diga a Anna que sou Maria Senhorinha”. O menino não estranhou nada. Era um pedido normal. Ali estava uma senhora como as outras, que lhe pedia para transmitir um recado à mãe dele, Anna, e ele faz o que aquela lhe pedia. Entretanto, ao formular o recado, D. Anna tenta dissuadir o menino, dizendo-lhe que Maria Senhorinha não poderia estar ali mandando recados, porquanto ela fora sua avó, que ela, Anna, não conhecera, porque morrera precisamente do parto dela há muito tempo e no seu entender os mortos não falam com os vivos.
D. Anna ficou impressionada com a convicção do menino a respeito da sua visão, mesmo porque tais fenômenos começavam a ocorrer frequentemente com ele. Por via das dúvidas, tomou uma decisão. Pegou o menino e foi à casa da irmã mais velha, Edwiges, que a tinha criado na ausência da mãe e vivia, nesse tempo, presa ao leito por uma paralisia. Na presença da tia, o menino foi instruído a reproduzir a história, e o fez da melhor maneira possível, nos precários limites do seu vocabulário infantil: “Era uma mulher magrinha, de olhos verdes e usava um vestido branco, de babados plissados, mangas compridas e gola muito alta. Tinha os cabelos penteados para trás, presos em coque, como se usava antigamente”.
Tia Edwiges nem precisou falar muito, pois as lágrimas escorriam-lhe pela face. Bastou uma frase curta e emocionante: “Anna, é mamãe! É mamãe, Anna!”.
Os primeiros contatos do menino Divaldo com a dimensão espiritual foram dramáticos. Afinal, mesmo um adulto se assustaria ao descobrir que algumas pessoas que vê já desencarnaram, sem contar a discriminação que sofria em razão das visões. E as visões terrivelmente perturbadoras provocadas por maus Espíritos tiravam-lhe o sono. Para piorar a situação, um Espírito obsessor começou a persegui-lo quando ainda tinha cerca de 7 anos de idade. Tratava-se da alma de um religioso que buscava vingança por desentendimentos em uma encarnação passada, mais precisamente no século XVII, quando ambos eram religiosos franceses e Divaldo provocou a interrupção da encarnação de seu perseguidor. Mesmo depois de pedir perdão e mostrar-se arrependido ao saber o motivo do Máscara-de-Ferro, como ele chamava seu “inimigo” que aparecia com o rosto coberto por uma espécie de máscara em chamas, levaria muitos anos até que a animosidade se encerrasse. Tudo acabou graças ao bom coração de Divaldo, já adulto, que acolheu uma criança abandonada em uma lata de lixo, a qual era a reencarnação da mãe da Entidade que o assombrava. Mas por muitos anos o Máscara-de-Ferro fez de tudo para atrapalhar a vida de Divaldo, por sorte, sem obter sucesso.
Outros acontecimentos traumáticos ainda abalariam a infância e adolescência de Divaldo. Um deles foi o suicídio de sua irmã Nair, em 1939, após descobrir que era traída pelo marido. Ela e Divaldo se davam muito bem, e o acontecimento o entristeceu. Mais ainda porque, não muito tempo depois, começou a ver o Espírito da irmã, que sofria bastante pela atitude impensada e sempre aparecia implorando ajuda. Depois de muitos anos, Nair reencarnou como filha de uma mulher bem pobre que recorreu à Mansão do Caminho por não ter como alimentá-la. Nessa nova passagem, com uma saúde frágil, foi acolhida pelo irmão, que cuidou dela até os 9 anos, quando desencarnou mais uma vez.
Cinco anos depois, nova tragédia abalou a família do médium. Desta vez, José, um dos irmãos de Divaldo, muito querido por ele, foi quem teve uma morte traumática, vítima de um aneurisma. No velório de José, Divaldo sentiu que suas pernas haviam “sumido” e acabou sofrendo com uma paralisia que o deixaria de cama por cerca de seis meses. A “cura” (não era nenhuma doença) acabou sendo decisiva para o futuro de Divaldo e do próprio Espiritismo brasileiro.
Depois de recorrer a alguns médicos que não conseguiram diagnosticar a natureza do problema, desesperada, a família aceitou que a médium Ana Ribeiro Borges, conhecida também por Dona Naná, à época bastante famosa e de passagem pela cidade, fosse ver o jovem, por sugestão de Clarice, uma prima de Divaldo. Dona Naná não demorou a identificar o Espírito José, que, perturbado pela morte repentina, prendia-se ao irmão. Então, com orações e toda sua experiência, a médium conseguiu que Divaldo se levantasse e voltasse a caminhar. Mais do que isso, identificou a forte mediunidade do jovem e acabou sendo a responsável por apresentá-lo à Doutrina Espírita.
Levado pela mãe, a conselho de Dona Naná e de um primo chamado Theobaldo, que também era médium, Divaldo pisou pela primeira vez em uma instituição kardequiana, o Centro Espírita Jesus de Nazaré, que se mantém em atividade até os dias atuais. Por influência da Dona Naná, que estreitou laços de amizade com a família de Divaldo, o jovem médium mudou-se para Salvador em 1945. Começava, assim, uma nova etapa de sua vida que, de certo modo, ainda está em andamento.