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Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 14 de março de 2024.

Momento cultural desafiador este que vivemos.

Há pouco tempo se dizia que o ser “humano perdera o endereço de Deus”.

Agora asseveramos que também perdeu o endereço de si mesmo e, por essa razão, encontra-se desnorteado, à procura da paz e do equilíbrio que desconsiderou.

A sociedade pós-pandemia ainda não se ajustou aos deveres que lhe cumpre atender para um comportamento compatível com o bem-estar e a ética da existência.

Aos dias de restrições e cuidados durante o período em que a peste se espalhava com volúpia, ceifando milhares de vidas, sucedeu a exagerada liberdade, numa ânsia desmedida pelo prazer que tomou conta do comportamento, dando a impressão de uma loucura generalizada.

Os seres humanos estão realizando o esquecimento dos deveres que lhes competem na ânsia de encontrar a felicidade.

Como se o tempo fosse apenas hoje, tudo é válido para que a ilusão da alegria seja experienciada imediatamente.

Para tanto, surgiu o conceito do vale-tudo.

O viva hoje de qualquer forma, sem restrições, abriu as portas para o prazer exagerado, como se a finalidade da vida fosse o afogar-se nas paixões inferiores, com especial cuidado pela agressividade e o despautério.

Em face do cansaço ou da ansiedade que resultam dessa cultura, passa-se ao uso de drogas ilícitas, de abuso sexual e de transtornos psicológicos muito graves.

Aumentam os crimes e a selvageria do comportamento, com o agravante da irresponsabilidade e desobediência aos códigos que têm sido estabelecidos para o equilíbrio necessário.

Ademais, as ações de desordem e impostura resultam em efeitos inevitáveis de tormentos íntimos acompanhados de alucinações e suicídios.

Exige-se mais liberdade, direitos sem deveres éticos e convivência promíscua nos relacionamentos.

As expectativas de guerras tremendas transformam-se em conflitos generalizados nas nações neutras, nas quais os grupos inconformados agridem-se, blasfemam, gritam por vingança e destroem-se reciprocamente.

As leis frágeis estabelecidas, pelo menos, com propósitos de paz e de ordem, são desrespeitadas ou transformadas em instrumentos de incitação para fins ignóbeis, e o desespero campeia mascarado como ideais.

Ninguém respeita a ninguém desde que os seus propósitos nefandos sejam rejeitados.

Apesar de tudo isso e muito mais, a vida triunfa.

Leis soberanas têm alcançado o planeta, que estertora na sua condição geológica, expressando a sua constituição ainda com calamidades, tentando dizer à humanidade que um poder transcendente governa a Terra e o Universo, e ninguém pode fugir das injunções materiais…

Este, portanto, é um momento de transição, como ocorreu no passado, que não resistiu aos impositivos da evolução.

Meditemos e confiemos em Deus.